
Onze anos depois de estrear na cidade de
São Paulo com a abertura de 50 lojas num único dia, o Magazine Luiza
quer repetir o barulho que fez à época, só que agora no Norte do País. É
a única região onde a empresa não está presente. O Estadoapurou que no
início do segundo semestre, num intervalo de apenas 20 dias, a companhia
vai estrear no Pará com 51 lojas e abrirá outras nove lojas no
Maranhão, onde a rede começou a operar no ano passado.
A maioria das lojas do Pará será em
cidades menores, fora da capital, Belém. Isso reforça a estratégia da
companhia que, na avaliação de consultores, caminha na direção de ser a
Amazon (gigante do varejo mundial) brasileira. Ao ampliar sua
capilaridade, chegando a municípios mais distantes dos grandes centros, a
varejista reforça o modelo de negócio que une as lojas físicas com o
varejo online. Os pontos de venda viram uma espécie de mini centros de
distribuição, o que garante a rapidez na entrega das compras online, o
maior obstáculo ao avanço do e-commerce, sobretudo em regiões distantes
do Sudeste.
Para fincar bandeira no Pará e expandir
no Maranhão, onde já tem 27 lojas, o Magazine Luiza fechou um contrato
de cessão comercial de 48 pontos de venda hoje ocupados pelo Armazém
Paraíba. A tradicional varejista de móveis e eletrodomésticos do Norte e
Nordeste é conhecida por ter lojas em áreas mais remotas.
Dos 48 pontos de venda do Armazém
Paraíba locados pelo Magazine Luiza, 39 estão no Pará e nove no
Maranhão. A administração do Armazém Paraíba informou, por meio de nota,
que “a negociação com a Magazine Luiza envolve apenas e tão somente a
cessão de 48 pontos, na sua grande maioria imóveis próprios”. Isso
significa que nesses pontos de venda a marca Magazine Luiza substituirá o
Armazém Paraíba. Sob a nova administração, os funcionários dessas lojas
provavelmente deverão ser reaproveitados, diz uma fonte.
A administração do Armazém Paraíba
afirmou ainda, em comunicado, que possui mais de 350 lojas espalhadas
pelo Norte e Nordeste e continuará atuando no varejo, “sendo certo que
nos Estados do Pará e parte do Maranhão, com foco no ramo mole
(confecções, tecidos, calçados, cama, mesa e banho)”. A rede não
informou as cifras e prazos do contrato. “A empresa tem como política
não divulgar valores de negociações.”
Além das 48 lojas locadas do Armazém
Paraíba, o Estado apurou que o Magazine Luiza negociou outros 12 pontos
de venda no Pará com pequenos varejistas locais. Procurado, o Magazine
Luiza não se pronunciou.
Potencial
De acordo com consultores de varejo, a
estratégia do Magazine Luiza faz todo sentido. Nascida em Franca, no
interior de São Paulo, a rede que faturou quase R$ 20 bilhões no ano
passado não tinha presença numa das áreas de maior potencial no País.
Segundo Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial,
esse potencial de consumo no Norte ainda não é explorado por redes
nacionais.
É uma oportunidade e tanto – que
também apresenta desafios principalmente em relação a investimentos -,
mas que pode resultar em retorno proporcional.
Para Eduardo Terra, presidente da
Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o Magazine Luiza foi o
primeiro varejista do País que deu um significado diferente à loja
física. “É uma empresa nacional, com mídia nacional e categorias que
estão em crescimento”, afirma. “Dez dias atrás anunciou que iria vender
livros. Com a Netshoes vai entrar em artigos esporte e moda.” Tantas
alternativas mostram um novo caminho. ” O Magazine está cada vez mais
parecido com a Amazon e menos com um varejista de eletromóveis”, diz
ele.
Fonte: Estadão Conteúdo
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