
Quase um ano depois da greve no setor do
transporte de carga que deixou o país parado, a situação dos
caminhoneiros no Piauí e em outras regiões do Brasil é desanimadora,
afirma Edvan Ferreira, apontado como líder do movimento grevista piauiense no ano passado.
Rumores de paralisação em 2019 existem, sobretudo por conta da alta do
diesel e que se relaciona com a política internacional de preços adotada
pela Petrobras, retirando das mãos do Governo Federal o poder de
regular os valores do combustível nas bombas.
Edvan conversou com o OitoMeia e
afirmou não ter conhecimento da possibilidade de greve no Piauí, mas
disse que ouve rumores para outras regiões. No entanto, foi revelado que
a situação dos caminhoneiros neste ano está bem mais complicada do que
ano passado, de maneira que o transporte rodoviário de cargas está perto
de sofrer um colapso. A imprensa nacional já aponta uma paralisação
para o dia 29 de abril.
“O Governo Federal até tem se empenhado
em ajudar, mas as medidas que tem tomado andam longe de resolver a
complexidade do problema que agrava o setor. Primeiro é a questão do
combustível, que não para de aumentar. Só este ano, neste Governo, se eu
não me engano, foram cinco aumentos e, neste último, o presidente teve
até que intervir. Certamente, na próxima semana, o aumento virá porque o
Governo adota uma política liberal e não convém intervencionismo na
estatal”, explicou Edvan.
O caminhoneiro ainda informa outros
custos no setor, como a manutenção dos veículos, desvalorização do preço
do frete, especificando o setor de grãos. Um acordo entre o governo
Temer e a categoria firmou uma tabela de fretes da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT), o que, na prática, manteria um preço
“justo” para os profissionais, impedindo que os patrões pagassem um
valor abaixo do ideal. Segundo Edvan, essa medida ainda não foi posta em
prática.
Segundo Edvan Ferreira, mais políticas públicas devem ser implementadas
para melhorar a situação de trabalho (Foto: Édrian Santos/OitoMeia)
“A categoria entende que tem algo que
está segurando a ANTT de fiscalizar. A gente está esperando por um
documento eletrônico que vai coibir que as transportadoras emitam a
documentação abaixo do valor dessa tabela de preço mínimo. E ainda tem o
parecer final do STF sobre a constitucionalidade da tabela. A PGR
[Procuradoria Geral da República] deu um parecer favorável”, continuou o
caminhoneiro.
Mas, segundo Edvan, mais políticas
públicas devem ser implementadas para melhorar a situação de trabalho
dos caminhoneiros, como a lei do horário de descanso, fiscalização para
diminuir a excessiva jornada de trabalho e a criação de um plano de
renovação de frota. A greve do ano passado não tinha ligação com
associações e/ou sindicatos. Segundo os grevistas, a iniciativa foi
independente e partiu de grupos de WhatsApp.
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