
Por Agência Brasil* Brasília
O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à água e ao saneamento, Leo Heller, avalia que a lama de rejeitos que se espalhou após o rompimento da barragem da mina de ferro do Córrego do Feijão, da multinacional Vale, deve chegar ao Rio São Francisco. Apesar de considerar cedo para se ter um diagnóstico fechado sobre as consequências ambientais causadas pelo incidente, ele antecipa que a massa atingirá um dos principais rios do Brasil, já que é nele que o rio Paraopeba desemboca.
A informação vai ao encontro de parecer do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que apresentou, inclusive, uma data estimada para que isso se consume: entre os dias 15 e 20 de fevereiro.
Segundo o especialista, não é possível
prever a proporção do fenômeno, considerando que o Rio São Francisco tem
um caudal volumoso e uma maior capacidade de diluição.
Heller qualifica as ações dos próximos
dias como cruciais para interromper a contaminação dos rios da região de
Brumadinho (MG), frisando que as autoridades governamentais devem
inspecionar a qualidade da água que abastece a população local. Em
decorrência do aumento da quantidade de sólidos e, possivelmente, de
metais na água, alerta o relator, parte da comunidade talvez tenha o
serviço de fornecimento temporariamente interrompido.
“As empresas afirmam que os resíduos não
contêm material tóxico. Mas os rios em geral de regiões de mineração
têm muitos metais sedimentados no fundo. Particularmente, o rio
Paraopeba é um rio situado em uma região de intensa atividade de
mineração e industrial. No fundo desse rio existem metais acumulados,
nocivos à saúde. A chegada da lama no rio Paraopeba muito provavelmente
vai revolver, colocar em circulação muitos metais e isso pode ser muito
nocivo à saúde humana”, declarou.
“Existem algumas medidas que os governos
estão cogitando. Uma delas é utilizar algumas represas que eram
utilizadas como hidrelétricas para conter parte dos efeitos. Essas
represas não terão capacidade de conter toda a lama, mas elas podem
atenuar. Isso me parece importante, mas, sobretudo, monitorar. Fazer
monitoramento sistemático sobre os efeitos na qualidade da água e sobre
os riscos para a população que consumirá essa água”, complementou.
*Com informações da ONU News
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